"A Caixa segue sendo ferramenta de uso político do governo Bolsonaro e de assédio moral". A crítica é do presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sergio Takemoto, após a notícia do jornal Metrópoles informar sobre o envio de mensagens internas para os empregados convidando os empregados a irem para o desfile do Sete de Setembro em Brasília. 

Segundo o jornal a mensagem enviada por gerentes dizia “Pessoal, precisamos indicar, até as 18h de hoje, 5 empregados de BSB de cada SN para o desfile Cívico-Militar Brasília, no dia 7 de setembro”. Ainda de acordo com o veículo, a Caixa informou que não era uma convocação obrigatória. 

Para Takemoto, mesmo a Caixa dizendo ser um convite, os empregados sabem que existe a pressão. "A Caixa pode dizer que é convite, mas na prática é muito diferente. O empregado se sente constrangido, com medo não comparecer e sofrer retaliações. Sabemos que isso acontece. Infelizmente, a cultura do assédio e a gestão pelo medo ainda continuam na Caixa", afirmou o presidente da Fenae.

Assédio

Aprovado por 62,76% dos empregados nas assembleias realizadas em todo país pela plataforma de votação eletrônica disponibilizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), o novo Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) da Caixa traz instrumentos importantes para coibir o assédio no banco.

Os gestores e empregados passarão por treinamento para prevenção e esclarecimento sobre medidas cabíveis pelo banco em caso de assédio sexual. Também está em debate a participação das entidades sindicais no canal de denúncias a ser criado, assim como o acompanhamento dos casos pela comissão bipartite de diversidade que já existe.

Quanto o assédio moral e cobranças de metas, o tema será pautado na primeira reunião de negociação de 2023. 

“A Caixa precisa respeitar os empregados e empregados que se dedicam a construir esse banco. Nós estamos assinando hoje esse Acordo e queremos o imediato cumprimento dele. Não vamos tolerar mais desrespeitos”, afirmou o coordenador na Comissão Executiva dos Empregados da Caixa e diretor de Administração e Finanças da Fenae, Cardoso.

Histórico

O uso político da Caixa para promover o governo Bolsonaro tem sido pauta frequente. Na Câmara, um requerimento começou a tramitar sobre o assunto, de autoria da deputada Erika Kokay (PT-DF). Além desse, outros dois requerimentos sobre a Caixa – um para a criação de uma subcomissão para acompanhar a apuração das denúncias de assédio na Caixa; e outro pedindo esclarecimentos sobre critérios de "meritocracia" adotados pelo banco também foram protocolas na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP).

Aparelhamento do banco para fins políticos foi alvo de denúncia da revista IstoÉ 

Uma reportagem publicada pela revista IstoÉ denunciou o uso da estrutura da Caixa para promover programas populistas de Bolsonaro e se cacifar para as eleições de 2022. Segundo a reportagem, o ex-presidente Pedro Guimarães já foi cogitado para ocupar a vaga de vice na chapa encabeçada por Bolsonaro ou mesmo para disputar vagas no Senado ou no governo do Rio de Janeiro.  A matéria denuncia a criação de uma estrutura na Caixa, com 19 funcionários para administrar eventos dos quais o banqueiro participa, e fortaleceu a gerência promocional do banco com a criação do canal ‘Fale com o Presidente”. O objetivo era turbinar a reeleição de Bolsonaro.