A educação produz conhecimento e gera reflexão. É como afirmou o educador Paulo Freire (1921-1997): “O objetivo maior da educação é ensinar o aluno a ler o mundo para poder transformá-lo”. Essa perspectiva foi assinalada por pedagogos como Anísio Teixeira (1900-1971) no manifesto da Escola Nova, ainda na década de 30 do século passado, em torno da defesa da escola laica, aberta ao acesso universal, pública e de qualidade. A mobilização, portanto, é por uma educação que promova inclusão e igualdade, mirando a paz e o desenvolvimento de crianças e adolescentes, e voltada ao combate às desigualdades sociais, de gênero e racial.

É baseada exatamente nessa importância que se celebra anualmente o Dia Internacional da Educação, data que serve como momento para que debates e propostas sobre como melhorar a rede pública de ensino sejam desenvolvidas. No Brasil, no entanto, a comemoração da data é objeto de divergências, pois alguns a fazem em 24 de janeiro e outros, em 28 de abril.

Em 24 de janeiro, o Dia Internacional da Educação é celebrado por decisão da Organização das Nações Unidas (ONU), cuja proposta busca reafirmar um conjunto de diretrizes para o desenvolvimento sustentável e a paz, sendo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) parte deles. A educação de qualidade é o ODS 4 da ONU e mira, como meta a ser alcançada até o ano de 2030, a garantia da proteção do meio ambiente, além da paz e prosperidade entre as pessoas.

A celebração do Dia Internacional da Educação em 28 de abril é uma iniciativa de um grupo de educadores brasileiros, com compromisso firmado em 2000 durante o Fórum Mundial de Educação, realizado em Dacar, em Senegal. Na ocasião, um documento foi aprovado com o intuito de tornar possível que a educação garanta melhores oportunidades, o desenvolvimento da capacidade crítica e atue como ferramenta de transformação da sociedade.

Reforço escolar une Fenae/Apcefs e Moradia e Cidadania

A educação cumpre papel fundamental na formação cidadã. A introdução desse debate no cotidiano de vulnerabilidade social de crianças e adolescentes é o principal objetivo da parceria da Fenae/Apcefs com a Moradia e Cidadania na área de reforço escolar, com quatro projetos desenvolvidos em comunidades carentes situadas nas proximidades das sedes das Associações do Pessoal da Caixa.

Até o momento, com proposta de prevenção e garantia de um desenvolvimento mais sustentável e de menor impacto no futuro, os projetos de reforço escolar ocorreram no Amazonas (“Um Olhar para o Futuro”), Paraná (“Educação e Cidadania”), Piauí (“Flor de Mandacaru”) e Rio de Janeiro (“Reforçando o Saber e a Vida”), com o registro de 160 beneficiários diretos e 700, indiretos. De comum a todos eles, a promoção de atividades esportivas, culturais e de educação complementar, articuladas com ações que envolvam as famílias das comunidades selecionadas, com abordagem de temas transversais de interesse coletivo.

O apoio dado aos estudantes dos quatro projetos de reforço escolar foi personalizado. A opção por esse caminho considerou a situação escolar de cada criança e adolescente, de modo que todos, indistintamente, estivessem inseridos de forma igualitária em seu contexto social e com acesso a oportunidades de aprendizado. Assim, os alunos foram valorizados para a construção da cidadania.

O presidente da Fenae, Sergio Takemoto, explicou que, em meio a uma conjuntura de caos econômico e político, com tantas perdas de vida em razão da pandemia, desemprego e fome, o abandono escolar permanece como uma realidade nociva para muitas famílias em situação de vulnerabilidade. “O propósito da iniciativa da Fenae com a Moradia e Cidadania, definido como um processo inovador e criativo, traduz-se em resistência e enxergou diferentes caminhos para a inclusão social”, declarou.

Takemoto disse que o resultado dessa parceria, em relação a projetos de reforço escolar, pode ser visto pela transformação na vida de cada família beneficiada, apoiada pelos empregados da Caixa Econômica Federal. E reiterou: “É papel da Fenae e das entidades do movimento associativo incentivarem a solidariedade, com o fortalecimento do compromisso com a promoção de uma sociedade justa, inclusiva, democrática e plural”.

Educação, direito humano de caráter público

Do ponto de vista da Fenae e das Apcefs, a educação é um direito humano, um bem público e uma responsabilidade pública. Com base nessa diretriz de conteúdo republicano, as entidades representativas têm a expectativa de tornar o espaço nas comunidades de menor renda que ficam próximas às sedes das Apcefs em um local permanente de educação complementar para crianças e adolescentes, em conformidade com os princípios de um ensino de qualidade, na linha proposta pelo ODS 4 da ONU.