A Caixa apresentou, na noite desta quinta-feira (11), seu resultado consolidado do primeiro trimestre deste ano (1T23), com lucro líquido de R$ 1,9 bilhão. O número é 23,9% menor do que o apurado no primeiro trimestre de 2022, com queda de 11,1% comparado aos últimos três meses do ano passado.

Com a volta do protagonismo da Caixa como banco social, o destaque do trimestre vai para a ampliação da carteira de crédito para R$ 1, 037 trilhão, crescimento de 16,6% em doze meses. As operações de saneamento e infraestrutura elevaram-se 5,7% no período, totalizando R$ 97,4 bilhões. O crédito rural cresceu 125,8%, somando R$ 47,9 bilhões no período.

A Caixa é o banco que mais investe em habitação no Brasil. Com saldo de R$ 659,3 bilhões, tem participação de 63,6% na composição total da carteira e de 66,5% no mercado. O crédito imobiliário aumentou 14,4% em doze meses.

Número de empregados – O banco encerrou o primeiro trimestre do ano com 86.741 empregados, com redução de 109 postos de trabalho em doze meses. Conforme análise do Departamento o Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), essa diminuição foi acompanhada pelo crescimento de aproximadamente 5 milhões de novos clientes, mantendo elevada a relação entre clientes por empregado (1.744 clientes por empregado). Não houve alteração no número de agências. Foram abertos 1 posto de atendimento, 88 unidades de correspondentes Caixa Aqui e encerrados 42 lotéricos.

O presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), Sergio Takemoto, manifesta sua preocupação com a sobrecarga de trabalho dos empregados. “Os últimos anos foram de sacrifício dos trabalhadores para lidar com a alta demanda durante a pandemia e um quadro muito reduzido de pessoal, que resultou em adoecimento de muitos empregados. Precisamos de mais contratações, inclusive, para atender melhor a população”, avaliou.

Durante a apresentação dos resultados, na manhã desta sexta-feira (12), a presidenta do banco, Rita Serrano, reconheceu a carência de empregados e de tecnologia, além da necessidade de melhorar o atendimento. E afirmou que evoluir nesses setores é objetivo do banco. “Vamos perseguir isso como objetivo principal nosso para o próximo período”, informou.

Loterias e repasses sociais - No 1T23, as loterias arrecadaram R$ 5 bilhões, - 0,4% mais do que o período do ano anterior. É importante destacar a importância das loterias para o desenvolvimento do país. Dos R$ 5 bilhões arrecadados, R$ 2 bilhões foram repassados aos programas sociais do governo federal nas áreas de saúde, educação, esporte, cultura, seguridade social e segurança pública. O valor do repasse é 2% superior ao registrado no primeiro trimestre de 2022 e corresponde a 39,1% do total arrecadado.

Sergio Takemoto ressaltou a função social das loterias e alertou para os riscos da privatização deste segmento. “Existem projetos que tramitam no Congresso para retirar a gestão pública das loterias. É um grande risco porque essa receita recorrente é fundamental para que o banco continue a cumprir seu papel social”, disse.

Takemoto lembrou a Lei 14.455/22, que criou as loterias da Saúde e do Turismo e foi sancionada pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022. Ela prevê o repasse de 95% da arrecadação (descontado o prêmio) para as empresas que operam as apostas. Apenas 5% é destinada ao Fundo Nacional da Saúde (FNS), no caso da Loteria Saúde; e 5% à Embratur, em relação à Loteria do Turismo.

Outros números do 1T23

Análise do Dieese - A carteira de crédito comercial com pessoas físicas cresceu 19,9% no período, totalizando R$ 142,6 bilhões. No segmento de pessoas jurídicas, o aumento foi de 11,3% em relação a março de 2022, somando R$ 89,7 bilhões.

A taxa de inadimplência para atrasos superiores a 90 dias foi de 2,73%, com aumento de 0,4 p.p. na comparação com o primeiro trimestre do ano anterior. Esse crescimento foi puxado, em grande medida, por um caso específico. Caso não tivesse acontecido, o índice teria sido de 2,38%.

As receitas de prestação de serviços e com tarifas bancárias aumentaram 3,2% em doze meses, compondo um montante de R$ 6,2 bilhões. Já as despesas de pessoal, acrescidas à PLR, cresceram 11,2% em doze meses, totalizando R$ 7,2 bilhões. Assim, a cobertura dessas despesas pelas receitas secundárias do banco foi de 86,4% no trimestre.