O Brasil está, novamente, fora do Mapa da Fome. Depois de anos de retrocesso, o anúncio feito pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO/ONU) nesta segunda-feira (28) marca um reencontro do país com sua vocação mais bonita: a de cuidar de gente.

De acordo com o Relatório Estado de Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo (acesse aqui), no triênio 2022/23/24, o país recuperou ganhos em segurança nutricional e a taxa de subnutrição caiu para menos de 2,5% da população, abaixo do limite usado pelas Nações Unidas para considerar um país em situação de fome crônica. Essa conquista reflete a retomada de políticas públicas articuladas e eficazes no governo Lula. 

O Brasil, pela segunda vez sob sua liderança, deixou essa marca histórica. Em 2014, a insegurança alimentar caiu drasticamente após mais de uma década de políticas públicas eficazes. No entanto, a partir de 2018, com o desmonte de programas sociais, o país retrocedeu e voltou ao Mapa da Fome.

O compromisso de Lula em 2003 foi renovado em seu discurso de posso em 2023. "Naquele momento [2003], afirmei que a missão de minha vida estaria cumprida quando cada brasileiro e brasileira pudesse fazer três refeições por dia. Ter de reafirmar esse compromisso hoje, diante do avanço da miséria e da volta da fome que já havíamos superado, é o mais grave reflexo da devastação que o país enfrentou nos últimos anos", afirmou Lula em seu discurso, destacando a urgência de reconstruir o país.

A resposta veio logo no primeiro ano de governo, com o lançamento do Plano Brasil Sem Fome, que organizou mais de 80 programas federais em torno de eixos de redução da pobreza, alimentação adequada e saudável, produção ao consumo e mobilização para o combate à Fome. 

Sair do Mapa da Fome é uma conquista do governo Lula e de tantas organizações que, no dia a dia, seguem o exemplo e firmam este compromisso. E é aí que entra o trabalho da Fenae e Apcefs. Desde 2021, por meio dos editais de responsabilidade social realizados em parceria com a ONG Moradia e Cidadania, a Federação tem contribuído para transformar o combate à fome por meio do eixo de segurança alimentar e inclusão produtiva.

Nos quatro editais realizados, 28 projetos foram implementados em todos os 27 estados, impactando diretamente 2.892 pessoas e, de forma indireta, quase 11 mil. São projetos como “Sementes Urbanas”, no Rio Grande do Norte  e  “Mãos que Transformam”, em Alagoas, que vão de hortas comunitárias à produção de pães artesanais, com iniciativas combinam alimentação saudável com geração de renda, promovendo autonomia e não apenas assistência pontual.

Os projetos estão alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, com foco no ODS 1 (erradicação da pobreza), ODS 2 (fome zero e agricultura sustentável) e ODS 10 (redução das desigualdades). “Todos os indicadores dos editais se baseiam nos ODS. É assim que garantimos ações conectadas com compromissos globais e capazes de transformar realidades”, afirma Sergio Takemoto, presidente da Fenae.

Os resultados são concretos. Projetos realizados no Piauí e de Goiás conseguiram reduzir significativamente os níveis de desnutrição infantil. Além de melhorar a alimentação, os projetos permitem que famílias vendam o excedente da produção, gerando renda e fortalecendo a autoestima. 

Outro dado relevante é que 90% dos projetos são liderados por mulheres. Essas ações permitem que elas deixem o ciclo de insegurança alimentar, que possam levar alimentação e renda para casa com dignidade. A renda gerada devolve autonomia e a mulher passa a ter escolha sobre o que comprar, o que oferecer para seus filhos, o que colocar na mesa. 

Para o presidente da Fenae, sair do Mapa da Fome é uma vitória a ser comemorada, mas reforça que o trabalho continua. “O prato está na mesa dos brasileiros outra vez. E a Fenae segue firme para garantir que continue assim. A lógica que sustenta nossas iniciativas é construir autonomia e cidadania a partir do acesso à terra, da organização comunitária e do fortalecimento da agricultura familiar. Ou seja, não se trata apenas de combater a fome hoje, mas de impedir que ela volte amanhã. Seguiremos avançando para ajudar a garantir que o direito à alimentação adequada seja permanente”, afirma Takemoto.