Com a ajuda das novas tecnologias, dando ênfase para as redes sociais, a empreendedora indígena We’e’ena Tikuna expande seus negócios, ao mesmo tempo que valoriza a tradição, a arte e as causas dos povos originários. Ela é da opinião de que as mídias digitais ajudam na conexão do público, no caso o outro ou o diferente, com as causas indígenas e no combate ao preconceito.  

Foi exatamente com encanto e delicadeza no formato de cultura que essa artista plástica, cantora, estilista, designer, nutricionista por formação e ativista dos direitos indígenas teve presença destacada no #ProntoFalei 2024, evento promovido pela Fenae em parceria com as Apcefs, cuja edição deste ano foi realizada em Manaus/AM, no último dia 2 de março, ocasião em que houve um bate-papo em torno do tema central “Futuro”. 

No #ProntoFalei de Manaus, direcionado para a empregada e para o empregado da Caixa Econômica Federal, com vistas a proporcionar um espaço para trazer à tona o que há de mais atual no mundo do trabalho, indo da experiência coletiva, tecnologia, inovação e chegando até a educação, We’e’ena Tikuna abordou questões pertinentes à inclusão social e visibilidade indígena. O nome We’e’ena – “a onça que nada para o outro lado no rio”, foi dado por sua comunidade de origem, a Umariaçu, no Amazonas, território da nação Tikuna. 

Foram momentos de troca de experiências e de saberes, com os participantes tendo a chance de interagir com a ativista indígena do Amazonas, formada em Artes Plásticas pelo IDC – Instituto Dirson Costa de Arte e Cultura, levando na bagagem a conquista de prêmios como a “melhor artista plástica indígena do Brasil”. No Museu Histórico de Manaus, há 12 obras dela, que compõem o acervo permanente.  Foi alfabetizada aos 12 anos, pois, até então, não falava português. 

Além das artes plásticas, com destaque para a técnica do acrílico sobre tela, We’e’ena divulga as riquezas culturais dos seus ancestrais por meio da música e atua como palestrante e ativista, sempre em defesa da inclusão dos povos indígenas. Como poucas, ela conhece sua própria história e os cânticos do seu povo – o Tikuna, sendo compositora de muitas canções, culminando na conclusão do seu primeiro trabalho discográfico intitulado “We’e’ena – Encanto Indígena”. 

Bate-papo no #ProntoFalei

Em sua participação no #ProntoFalei 2024, We’e’ena Tikuna discorreu sobre temáticas relacionadas à diversidade e aos povos indígenas no Brasil. Foi, inclusive, ao xis da questão, falando dos desafios da inclusão dos indígenas no mercado de trabalho, assim como da visibilidade artística desses povos originários, sem deixar também de questionar o fato sobre quantos indígenas trabalhavam na Caixa Econômica Federal – o único banco 100% público do país, momento no qual uma única pessoa levantou a mão. 

Diante dessa situação, a representante indígena do Amazonas vaticinou: “Por isso, é muito importante que estejamos aqui debatendo essa questão da visibilidade e do acesso à tecnologia e ao emprego dos nossos povos. A internet para nós, indígenas, é uma arma de poder muito forte. Então, falar de inclusão é determinante para que tenhamos mais acesso à tecnologia, ao mercado de trabalho e à educação”.  

A ativista dos direitos indígenas complementou seu pensamento dizendo que, estar no #ProntoFalei, é falar de inclusão, é ter indígena nesses espaços, é falar de movimento. “Portanto, estar aqui é falar da nossa cultura, da nossa realidade, da nossa identidade como povo originário. Por muito tempo, fomos tutelados, fomos calados, não podíamos falar por nós mesmos, já que não falávamos a língua do homem branco”, né?!, denunciou.  

Na conversa com os participantes do #ProntoFalei, We’e’ena Tikuna afirmou que a voz indígena ainda não é ouvida, situação refletida no fato de que os indígenas não estão presentes nos bancos. “É disso que temos de conversar, por exemplo. O indígena é capacitado, alguns estão na universidade ou em todos os lugares. Isso é falta de oportunidade. Então, precisamos falar disso. Falar de inclusão é falar das pessoas que realmente estão aí”, finalizou.

#ProntoFalei 2024: um sucesso

Depois da fala de We’e’ena Tikuna, os participantes interagiram, comentaram e fizeram questionamentos a partir da temática exposta. A apresentação e mediação do bate-papo ficaram por conta de Oyama Filho, cantor, comunicador e produtor amazonense. 

Os bate-papos do evento da Fenae e das Apcefs foram marcados ainda por happy hour com animação de um dos mais importantes símbolos do Amazonas, o cantor David Assayag, que levou também itens especiais da cultura de Parintins, berço da festa do boi-bumbá no país.