Durante a cerimônia realizada nesta terça-feira (6), no Teatro da Caixa Cultural, a Caixa anunciou a nova versão do seu Estatuto Social. Apesar das cobranças e reivindicações, o banco manteve no texto o limitador de 6,5% da folha de pagamento para o custeio do Saúde Caixa - um limite imposto desde 2017, na alteração estatutária promovida na gestão de Gilberto Occhi, no governo de Michel Temer, e que, desde então, tem elevado o custo para os empregados ativos e aposentados.

A decisão de manter o limitador ignora uma das principais cobranças dos empregados e a principal reivindicação das entidades representativas dos empregados, como a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), que há anos lutam pela retirada do teto de 6,5% da folha de pagamento para custear o plano de saúde dos empregados. 

Na avaliação do presidente da Fenae, Sergio Takemoto, a manutenção do teto para o custeio do plano demonstra a falta de empenho da Caixa e, consequentemente, o descaso com os empregados. “Não adianta falar em governança e responsabilidade social se o banco insiste em manter um teto que desmonta um dos maiores patrimônios dos empregados. Isso revela uma escolha de proteger interesses financeiros em vez de garantir saúde com justiça”, avaliou. Ele lembrou da alteração do regulamento do Reg/Replan Saldado, quando o banco se empenhou e articulou as alterações com todas as instâncias para aprovar a mudança. “Agora não houve divulgação de movimentação para retirar o limite. A Caixa teve a chance de se posicionar em favor da saúde dos empregados mas, aparentemente, decidiu se omitir”, afirmou.

Leonardo Quadros, diretor de Saúde e Previdência da Fenae, reforçou que o novo Estatuto deveria refletir um compromisso real com os direitos dos trabalhadores. “A Caixa perdeu uma grande chance de corrigir um erro histórico. Manter esse limitador é insistir em um modelo injusto, que empurra cada vez mais custos para os empregados. Precisamos intensificar nossa mobilização, senão a gestão de Carlos Vieira será aquela que acabará com a sustentabilidade do plano, e vai retirar dos aposentados o direito a ter um plano financeiramente viável”, argumentou. “Da nossa parte, não admitimos qualquer reajuste nas mensalidades e vamos continuar na luta contra o teto e pela aplicação da proporção 70/30, sem qualquer condicionante”, destacou o diretor.

Ao manter essa trava, a Caixa escancara sua falta de cuidado com a saúde dos seus empregados, fragilizando o modelo solidário que sustentou o Saúde Caixa por décadas. A Fenae seguirá cobrando a revogação do teto e defendendo um modelo de custeio que respeite os princípios do Saúde Caixa: solidariedade, mutualismo e pacto intergeracional.

Conquista dos empregados, estatuto prevê 30% de mulheres na direção - O novo Estatuto estabelece uma conquista da representação dos empregados na campanha salarial – ao menos 30% dos cargos de direção do banco devem ser ocupados por mulheres. “Com essa conquista dos empregados, a Caixa marca mais um avanço na política de inclusão do banco, avaliou o coordenador da Comissão Executiva de Empregados (CEE/Caixa), Felipe Pacheco.

Durante a apresentação do novo Estatuto, a Caixa também lançou no Programa de Enfrentamento ao Assédio Sexual, que prevê ações permanentes de conscientização e combate à violência de gênero no ambiente de trabalho.

A diretora de Políticas Sociais da Fenae, Rachel Weber, que esteve presente no evento, destacou que o mínimo de 30% de mulheres na alta gestão da Caixa é um passo importante, mas dá para avançar mais em direção à equidade no banco. 

"A presença mínima de 30% de mulheres na alta gestão da Caixa é um passo importante e uma conquista da última campanha salarial da categoria. Essa mudança no Estatuto é histórica, e seguiremos mobilizados para ampliar a participação feminina, combater o assédio e construir um ambiente mais justo e representativo”, afirmou.