A Fundação dos Economiários Federais (Funcef) completa 48 anos neste 1º de agosto. Se pensar bem, parece pouco tempo para tanta história, para ser o terceiro maior fundo de pensão do país. Mas esse tamanho se explica. A Funcef é fruto da luta histórica dos empregados da Caixa por uma previdência complementar sólida. Foi construída com esforço, contribuição e organização coletiva de milhares de trabalhadores, que fizeram da Fundação o terceiro maior fundo de pensão do país, com R$ 119 bilhões em ativos sob gestão.

Ao longo dessa história, importantes conquistas marcaram o fortalecimento da Fundação. A eleição para a Diretoria Executiva e para os Conselhos, aprovada junto com o novo Estatuto de 2007, ampliou a democracia interna e garantiu paridade de representação entre participantes e patrocinadora. A criação de mecanismos para recompor o poder de compra, como o Fundo de Acumulação de Benefícios (FAB), responsável por um aumento real de quase 35% no benefício saldado, representou um avanço histórico para os aposentados. Em 2006, a criação do Novo Plano superou entraves antigos e estabeleceu um novo patamar em termos de direitos para os então Técnicos Bancários (TB's), garantindo maior acumulo de reservas, benefícios maiores e melhorias nos benefícios de risco.

Mas a história da Funcef também carrega retrocessos e decisões que prejudicaram os participantes. A redução da meta atuarial em 2017, por exemplo, representou perdas bilionárias para os planos, especialmente o REG/Replan Saldado. As mudanças estatutárias de 2021, que permitiram o uso do voto de minerva e alteraram o formato das eleições, agora individualizadas e sem chapas, que enfraqueceram a representatividade e os participantes das decisões que definem seu próprio futuro.

Também pesam as consequências de anos de omissão na cobrança do contencioso trabalhista da Caixa, que sobrecarregou financeiramente os planos, além do equacionamento, que ainda pune os participantes do Reg/Replan Saldado.

Apesar desses retrocessos, a Fundação tem dado sinais de recuperação. Segundo o Relatório Gerencial da Previdência Complementar (RGPC) de 2024, os resultados mostram recuperação em todos os planos, com superávits sustentados especialmente pelo desempenho da renda fixa e de investimentos que se mantiveram sólidos, mesmo com a queda da bolsa no ano. 

 A abertura ao diálogo com as entidades tem sido mais frequente e merece reconhecimento. A Fenae reconhece os avanços, ainda que haja muito a ser feito. A Fenae seguirá firme na defesa dos direitos dos participantes. Seguiremos cobrando a reversão dos direitos perdidos na proposta de redução do equacionamento, e que a Caixa honre integralmente sua parte no acordo. Defenderemos a revisão do estatuto e o fim do voto de minerva. Nos manteremos firmes para que os participantes nunca mais sejam apartados das decisões que definem suas vidas.

A Funcef só existirá de verdade enquanto mantiver seu compromisso com os participantes, com a escuta às entidades representativas e com a transparência na gestão.

Parabéns, Funcef! Que seus 48 anos sejam celebrados com orgulho e com a responsabilidade de quem sabe que esse patrimônio é dos participantes. Que continue no caminho da reconstrução, sem jamais se afastar daqueles que sustentam sua existência.