O projeto de responsabilidade social “Mãos que transformam”, desenvolvido pela Fenae e Apcef/AL em parceria com a Coordenação Estadual da ONG Moradia e Cidadania e com o Instituto Amigos da Sopa, ajuda mulheres em situação de vulnerabilidade social a conquistar inclusão produtiva e educação cidadã transversal, com foco na geração de renda e na autonomia econômico-financeira de gênero. Busca-se assim, na periferia de Maceió/capital, intervir na realidade do bairro de Antares e adjacências para transformá-la, dando espaço e acolhimento ao protagonismo feminino. 

Desde fevereiro deste ano, quando começou a ser executado, o “Mãos que transformam” incentiva a inserção feminina no mercado de trabalho e a promoção da equidade de gênero, por meio de cursos ou oficinas de panificação e de confeitaria artesanais. O ciclo de capacitação e estímulo ao empreendedorismo na área de produção de pães, bolos e sobremesas terá duração de 24 meses e vai contemplar 200 mulheres diretamente ao fim do programa, ou 800 de maneira indireta, com turmas mensais de 10 participantes cada, dois dias por semana de aulas no turno vespertino, para não comprometer o aprendizado teórico e prático.

O acordo de cooperação da Fenae e da Apcef/AL com a ONG Moradia e Cidadania e o Instituto Amigos da Sopa, visando a melhoria do bem-estar e da qualidade de vida de famílias de baixa renda de Maceió, irá beneficiar mulheres de 18 a 65 anos, cadastradas no documento Número de Identificação Social (NIS), relacionado aos benefícios sociais do governo federal fornecidos pela Caixa Econômica Federal, e inscritas no Bolsa Família.

“Para a Fenae, a luta contra a desigualdade e a aposta em rede de mulheres como catalizadora de transformações sociais profundas são os maiores focos da nossa atuação na sociedade. Acreditamos que parcerias, como as realizadas em torno do projeto alagoano “Mãos que transformam”, são fundamentais para alavancar a troca de experiências e de conhecimentos. A qualificação que elas recebem nos cursos ou oficinas do projeto é pilar para que possam conquistar independência financeira e uma melhor qualidade de vida para elas e suas famílias”, ressalta  o presidente da Fenae, Sergio Takemoto.

O presidente da Apcef/AL, Josuel Cardoso da Silva, fala que o projeto “Mãos que transformam” já atendeu 160 pessoas, aproximadamente, com turmas compostas 95% por mulheres, “até para aprimorar o vínculo dessa ação com a campanha Fenae com Elas, contra o feminicídio e contra a violência de gênero”. 

Segundo Josuel, nas palestras proferidas durante as oficinas, dentre os temas abordados estão a lei Maria da Penha, aspectos psicossociais, além das aulas de defesa pessoal. Josuel Cardoso explica também que, para o fim do ano, a produção de pães e doces artesanais se soma à capacitação para comidas natalinas, como panetones e similares. “Está prevista a parceria com entidades que atendem pessoas com deficiência (PCDs), o que vai deixar nossa atividade mais social ainda”, completa.

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Mais vozes por inclusão socioprodutiva  

Nas comunidades da região, foram disponibilizadas 20 turmas ao longo das aulas teóricas e práticas, sendo uma por mês, composta por 10 alunas cada e com duração de 40 horas-aulas. As oficinas estão sendo realizadas na sede do Instituto Amigos da Sopa de Alagoas ou em institutos parceiros. Entretanto, ao fim desse processo, toda a produção de pães (integrais, tradicionais ou recheados), bolos (tipos variados) e sobremesas (banoffee, mouse e pudim) será destinada às participantes das oficinas.

Além da produção de pães/bolos/sobremesas, os cursos profissionalizantes de capacitação abrangem rodas de conversa sobre feminicídio e violência contra mulher, precificação de produtos e serviços (aprender a fazer cálculos das receitas e descobrir o valor do que é gasto e do lucro), empreendedorismo e aulas de defesa pessoal com instrutor de artes marciais. 

Conforme consta na versão 4 do edital que selecionou o projeto alagoano, o propósito da iniciativa é contribuir para o fortalecimento de uma agenda integrada de ações de combate à exploração sexual, desemprego, desestabilização familiar e exclusão social. Nas aulas ministradas nas oficinas, as mulheres recebem noções de defesa pessoal com o intuito de ajudá-las a se defender do agressor. 

A prioridade é o empoderamento de mulheres e meninas de comunidades situadas nos arredores das sedes das Apcefs e com registro de falta de condições sociais e financeiras para sustentar a família com dignidade, de modo a agregar conhecimento no ramo da panificação e da confeitaria, assim como na busca por fonte de renda sustentável. 

Tais princípios são instrumentos sensibilizadores para mudanças sociais e estão alinhados com a campanha Fenae com Elas, que se mobiliza contra o feminicídio e reforça o compromisso das entidades associativas com a promoção dos direitos humanos das mulheres, mirando também a não-tolerância às violências baseadas em gênero. 


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Mais reflexões sobre o projeto

Para Arimatéa Lafayette, coordenador estadual da ONG Moradia e Cidadania de Alagoas, a parceria entre a Fenae, a Apcef local e os Amigos da Sopa têm trazido um resultado excelente para todos os segmentos envolvidos. “Estamos empoderando mulheres, para que tenham uma liberdade financeira e um conhecimento até jurídico, pois oferecemos apoio psicológico e de empreendedorismo”, avalia. 

Ele diz que a Coordenação da Moradia e Cidadania de Alagoas se sente honrada em travar essa parceria com as entidades associativas do movimento nacional dos empregados da Caixa. 

O professor Elbert Cruz de Oliveira é o responsável pelo curso ou oficina no ramo de panificação e confeitaria artesanais. Ele explica que o projeto “Mãos que transformam” vem mudando realidades, alcançando famílias inteiras e levando conhecimento para muitas mulheres que nunca tiveram acesso a algo assim. 

“Entre minhas aprendizes, estão catadoras de material reciclável, donas de casa e mulheres com deficiência física”, observa. Elbert Cruz relata que suas alunas reconhecem a oportunidade oferecida pelo projeto e de como essa experiência tem renovado a autoestima da maioria delas, abrindo novos caminhos de autonomia e perspectiva de vida.


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Conexão positiva com ODS da ONU  
 

O projeto “Mãos que transformam” também está conectado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 1 – erradicação da pobreza, 4 – educação de qualidade, 8 – trabalho decente ou emprego digno e crescimento econômico e 10 – redução das desigualdades. 

Essas ODS integram uma agenda global com 17 objetivos e 169 metas, adotada pela ONU em 2015, visando construir um futuro mais sustentável para todas as pessoas até 2030.