Depois do governo de transição concluir nos últimos dias o diagnóstico sobre o estado do Brasil depois de 4 anos de Jair Bolsonaro (PL), ficam cada vez mais claros os enormes desafios que a próxima gestão tem pela frente. Foram 4 anos de vazio em termos de políticas públicas efetivas para distribuição de renda, combate ao déficit habitacional e promoção de condições básicas de qualidade de vida. O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi claro durante a campanha e está no caminho certo: mais do que nunca, os bancos públicos serão imprescindíveis para reconstruir o país.

É por via dos bancos públicos, como a Caixa Econômica Federal, que o governo consegue atender os brasileiros de norte a sul e implementar os programas sociais necessários para assegurar uma vida digna a toda a população. Para se ter uma ideia, só em 2022, o banco pagou R$ 229 bilhões em benefícios sociais, como INSS, Auxílio Brasil, seguro-desemprego, abono salarial, dentre outros. Num país de proporções continentais como o Brasil, só a Caixa tem uma rede capaz de alcançar até os municípios mais afastados –que, muitas vezes, são os que mais precisam. Ao todo, são 26.854 pontos de atendimento.

Como já apontado pela equipe de transição, outro dos maiores problemas a ser enfrentado no próximo governo é a carência de moradias. Segundo a Fundação João Pinheiro, o déficit habitacional chegou a 5,9 milhões de domicílios em 2019. Lula precisará reerguer o Minha Casa, Minha Vida depois do progressivo desmonte que o programa sofreu durante a gestão Bolsonaro. O Faixa 1, justamente o que atendia aos mais pobres e necessitados, foi extinto e, agora, deve voltar a ser prioridade. A Caixa está pronta para a empreitada: a instituição responde por 65,7% do mercado de habitação, com uma carteira de R$ 618 bilhões.

Os próximos 4 anos serão, sem dúvidas, de trabalho árduo, mas também colheremos os frutos. Para isso, no entanto, é fundamental entender a importância dos bancos públicos e de fortalecer a Caixa –que será peça-chave para a retomada do desenvolvimento no Brasil. Os prejuízos causados pelo governo Bolsonaro foram registrados nos jornais ao longo da gestão: venda de subsidiárias estratégicas e esvaziamento de programas sociais, sem contar os lamentáveis casos de assédio sexual e moral denunciados contra a própria direção da empresa.

Seis em cada 10 empregados da Caixa Econômica Federal já sofreram assédio moral no ambiente de trabalho, segundo estudo desse ano da Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal). Oito de cada 10 entrevistados disseram que o trabalho no banco afetava a saúde. Além disso, 6% dos trabalhadores da ativa estavam afastados do trabalho por licença médica na época da pesquisa. O principal motivo de afastamento são as doenças mentais, como depressão (33%), ansiedade (26%) síndrome de burnout (13%) e síndrome do pânico (11%). Muito disso se deve, claro, à sobrecarga de trabalho: o quadro da caixa caiu de 100.651 empregados em 2014 para 86.646 em 2022.

Se quisermos reconstruir o Brasil, precisamos, com urgência, reconstruir a Caixa. Isso significa reestruturar programas sociais como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida –que já foram motivo de reconhecimento internacional e marcaram a história de milhões de pessoas. Significa também fortalecer o banco e suas subsidiárias, para que a Caixa permaneça eficiente e lucrativa. Por último, mas igualmente importante, significa valorizar os empregados do banco, desde sempre empenhados em transformar o país por meio da promoção da igualdade e qualidade de vida. Frente a todos esses desafios, a Caixa renova, em 2023, seu principal compromisso: ser o banco de todos os brasileiros.

Esse artigo foi publicado originalmente na coluna opinião do portal Poder 360, em 27 de dezembro de 2022