Se hoje os empregados Caixa têm garantido o direito de seis horas de jornada de trabalho e o direito de se organizarem em sindicatos dos bancários foi graças à greve histórica, realizada em 30 de outubro de 1985. Com quase 100% de adesão, a mobilização garantiu grandes conquistas aos bancários da Caixa. 

Fato é que a jornada de 6 horas diárias foi um direito fundamental conquistado pelos bancários da Caixa. A história desta jornada ser reduzida também tem estreita relação com a luta e a evolução dos sindicatos no país. Envolve, ainda, a preocupação relacionada à saúde mental dos trabalhadores que estão vinculados a um trabalho que causa grande desgaste psíquico devido ao ritmo intenso e imposição de metas abusivas, prejudicando as condições de exercício da atividade, resultando na intensificação dos agravos à saúde.

E mesmo com novas contratações, a Caixa continua com um número bem abaixo do déficit que se aproxima a 14 mil postos de trabalho. Na prática, o déficit atinge diretamente a qualidade do atendimento à população, especialmente dos empregados que trabalham na ponta. Caroline Almeida, empregada Caixa desde 2021, relata que, essa falta faz com que, muitas vezes, gere uma sobrecarga na jornada de trabalho.

“A conquista das 6 horas tem uma importância muito grande, só que para que a gente consiga manter essa conquista, a gente precisa que o banco tenha mais empregados. A gente precisa da contratação de novos colegas. A gente precisa que o banco tenha mais mão de obra para poder conseguir estar de pé, manter a saúde da empresa e a saúde dos próprios empregados, assim como atender da melhor forma possível a demanda de toda a população”, afirma.

Presente nos atos e um dos atuantes na organização na luta pela defesa do trabalhador Caixa, o diretor de Administração e Finanças da Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa), Marcos Saraiva, relembra o impacto da mobilização na mudança estrutural dos empregados do banco público. 

“Até 1985, nós, empregados Caixa, éramos contratados como economiários, com menos direitos e salários menores. A juventude da época, a qual eu fazia parte, começa a se organizar para fazer uma grande greve unificada nacional e parar toda a Caixa no Brasil, com a principal reivindicação de sermos tratados como bancários. Em um único dia de greve, conseguimos esse direito e passamos, ainda, a ter direito de sindicalização”, conta Marcos Saraiva.

Segundo ele, a história da redução de jornada tem, especialmente, estreita relação com a luta e a evolução dos sindicatos no país. “Essa história envolve a preocupação relacionada à saúde mental dos trabalhadores que estão vinculados a um trabalho que causa grande desgaste psíquico devido ao ritmo intenso e imposição de metas abusivas, prejudicando as condições de exercício da atividade, resultando na intensificação dos agravos à saúde”, destaca o diretor da Fenae.

De acordo com Marcos Saraiva, é a partir da greve histórica das 6 horas que os empregados da Caixa passam a ter e organizar suas pautas de reivindicações e discussões. “Nos fóruns dos bancários é que a gente consegue melhorar e manter até hoje muitas questões, como plano de saúde, plano de previdência, alimentação e várias outras conquistas que foram feitas ao longo do tempo, graças àquele que foi fundamental e determinante aos anos de 1985. A greve nacional unificada mostrou a força organizada dos bancários”, reforça.

Jair Marciéri Pimpinato, aposentado desde 2017, também atuou como técnico bancário e, em consonância com o representante da Fenae, reafirma que muitos direitos foram conquistados através da forte mobilização e paralisação das atividades da data histórica de 1985. 

“Toda mobilização torna-se diretamente proporcional à conquista e defesa de direitos e, no caso, a ocorrida em outubro de 1985 que, devido à forte adesão, foi fundamental para nossa inclusão na categoria bancária. Quiçá consigamos atingir o mesmo nível de mobilização de 1985 a fim de promover a união dos empregados em defesa do Saúde Caixa”, ressalta.