A Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) lançou na quarta-feira (26), a cartilha com o resultado compilado da pesquisa sobre adoecimento mental e físico dos empregados da Caixa Econômica Federal. O lançamento aconteceu durante a durante a reunião do Conselho Deliberativo Nacional (CDN) da entidade, em São Luís do Maranhão — cidade onde está sendo realizada a 2ª edição dos Jogos Fenae+.

Encomendada pela Fenae, a pesquisa nacional sobre saúde dos bancários Caixa foi realizada entre os meses de junho e julho deste ano, com 3.820 empregados do banco — ativos e aposentados.

Durante o evento, o presidente da Fenae, Sergio Takemoto, reforçou a importância da compilação dos resultados da pesquisa para que a entidade possa traçar metas e cobrar da direção da Caixa medidas mais eficazes que venham contribuir para a melhoria na saúde dos empregados Caixa. “Estamos de posse de números importantes e essenciais para pedir mudanças na organização do trabalho do banco”, disse o presidente. 

Takemoto informou que também solicitou uma reunião com a direção da Caixa para apresentar os números da pesquisa. “Os dados confirmam as denúncias que já havíamos apresentado anteriormente: a pressão por metas abusivas e o medo de descomissionamento afetam a saúde mental dos bancários”, reforça Takemoto.

O diretor de Saúde e Previdência da Fenae, Leonardo Quadros, destacou a importância da Cartilha com os números detalhados da pesquisa. Segundo ele, a produção do material apresentado foi um trabalho desafiador, mas atingiu o seu objetivo central, que foi identificar, de forma quantitativa, a situação de saúde dos empregados da Caixa.

“Esse trabalho é apenas o começo. Traduzimos em números uma realidade que já conhecíamos no contato com os empregados, mas agora precisamos dar rosto a esses dados, porque por trás deles existem pessoas. O ambiente de trabalho na Caixa hoje não é saudável, e a instituição terá que encarar esse problema, inclusive diante das mudanças na legislação do ano que vem. Seguiremos cobrando, avançando e dialogando onde for necessário”, disse Quadros.

A diretora de Políticas Sociais da Federação, Rachel Weber, por sua vez, reforçou que, diferentemente dos anos 2000, quando uns dos principais problemas dos bancários estavam relacionados à doença LER (Lesão por Esforço Repetitivo), hoje, está enfrentando o adoecimento mental. “A pesquisa nos mostrou que o assédio dentro das agências é a principal causa do adoecimento da categoria. É um problema institucional, não é o problema do bancário.  Na verdade, essa tarefa histórica do movimento sindical, que é tratar não só de salário, mas também de dignidade e qualidade de vida dos empregados”, disse a diretora.

Sobre a pesquisa

Realizada pela Acerte Pesquisa e Comunicação, a pesquisa investigou os riscos psicossociais e os aspectos da organização do trabalho no banco público. O objetivo do estudo foi compreender os indicadores de saúde da categoria e contribuir para o desenvolvimento de políticas de saúde efetivas, que tragam melhores condições de trabalho para os empregados da Caixa e assegurem a excelência dos serviços prestados à sociedade.

A pesquisa considerou a exposição a práticas assediadoras do ponto de vista direto (ter sido vítima) e indireto (ter testemunhado). A sobrecarga de trabalho é identificada pelos empregados da Caixa como a principal prática assediadora na instituição. Quase metade das pessoas entrevistadas afirmou ter sido vítima ou testemunha da prática, o que eleva em quase duas vezes o risco de uso de medicação controlada e de diagnósticos psiquiátricos.

Os resultados mostram também que as práticas assediadoras por imposição de sobrecarga e ameaça de perda de função aumentam em quase duas vezes tanto o risco de uso de medicação controlada quanto o de diagnósticos psiquiátricos. Naqueles bancários assediados com sobrecarga de trabalho, por exemplo, o percentual de uso de medicação sobe de 18,5% para 39,7%. Considerando que 32% dos bancários afirmam utilizar medicação de uso controlado por motivos relacionados ao trabalho, é possível supor que esse tipo de assédio responda por aproximadamente 10% da medicalização na Caixa.

Leia a Cartilha completa, aqui!