O encerramento do Dia Nacional de Luta em Defesa do Saúde Caixa, realizado nesta terça (17), foi marcado por uma live para debater a situação atual do plano de saúde dos trabalhadores do banco público e as perspectivas para renovação do acordo específico. As representações dos empregados e aposentados reforçaram a união da categoria e a força da mobilização para garantir reajuste zero e melhorias no atendimento aos usuários. 

O presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), Sergio Takemoto, fez um balanço das atividades. “De norte a sul do país, os empregados e aposentados se mobilizaram na defesa desse grande direito que é o nosso plano de saúde. Foi uma demonstração de força, de organização e unidade das nossas entidades e dos trabalhadores. Em todo o Brasil, houve a leitura da carta aberta que defende o reajuste zero, melhorias do plano e o respeito as trabalhadoras e trabalhadores da Caixa”.

Para o dirigente, empregados ativos e aposentados chegaram no limite de sua capacidade para suportar os custos com o plano de saúde. “Estamos lutando para que a gente volte ao patamar de 30% de contribuição por parte dos empregados, que volte a qualidade do nosso plano, temos visto a deterioração do Saúde Caixa, reclamações sobre a rede credenciada, enfim um descontrole por parte da gestão da Caixa”, acrescentou. 

A live foi conduzida pela secretária de Formação da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Eliana Brasil, e pelo coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa), Felipe Pacheco.

Eliana Brasil destacou a importância da carta aberta “Quem cuida do Brasil merece ser cuidado”, que contou com assinatura da Fenae, Contraf-CUT, CUT, CTB e Fenacef.

“O que nós temos no nosso acordo é que 70% do plano tem de ser custeado pelo banco e 30% pelos empregados, mas isso não vem acontecendo, por conta dos 6,5% do teto da folha de pessoal que consta no estatuto. Com os PDVs (Programa de Demissão Voluntária), muita gente saiu e está ficando cada vez maior esse custo para nós empregados. Nossa reivindicação é reajuste zero”, frisou.

Felipe Pacheco também reforçou a adesão dos trabalhadores à mobilização em defesa do Saúde Caixa. Agradeceu o empenho das entidades sindicais e associativas e, especialmente, da categoria nas unidades.  “Gostaria de agradecer essa união nesse dia e vamos continuar mobilizados até o fim da negociação. CEE ainda vai tirar encaminhamentos sobre os próximos passos da nossa mobilização. Acompanhem pelos sites dos sindicatos, Fenae e da Contraf”.

Quem acompanhou a live pode conhecer mais sobre o histórico do plano de saúde. Leonardo Quadros, coordenador do GT Saúde Caixa e diretor da Fenae, fez um relato sobre o formato de custeio até 2003 e a partir de 2004, quando foi implementado o modelo 70/30. Falou ainda sobre os impactos da imposição do teto de 6,5% da folha de pessoal para o custeio do plano de saúde e quais perspectivas para negociação de 2025.

“Infelizmente a Caixa alterou o estatuto este ano, mas manteve o teto de 6,5%. Com essa situação, a previsão é de déficit em 2025 em torno de R$ 500 milhões e em 2026 deve se agravar, caso o congelamento da participação da Caixa no custeio persista”, disse Leonardo Quadros.

O coordenador do GT Saúde Caixa colocou outra questão preocupante. Segundo ele, desde 2020 o banco planeja a cobrança de mensalidades por faixa etária. “Nós defendemos as premissas do pacto intergeracional e solidariedade. A gente sabe que mudar o formato de custeio sem aumentar a participação da caixa, vai fazer com que qualquer custo recaía sobre nós empregados e aposentados”.

A Fenae e a Contraf-CUT lançaram a cartilha “Queremos Saúde, Caixa”, que apresenta a trajetória do plano de saúde dos empregados.

A representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, Fabiana Uehara, participou da live e lembrou que o CA aprovou a retirada do limitador de 6,5% do estatuto da empresa, mas que foi mantido em outras instâncias. “Tudo o que a gente conquistou até hoje não foi porque a empresa deu ou porque foi benesse de algum governo.  A gente lutou e precisamos da mobilização de todos para não perder direitos. Vamos continuar lutando no Conselho de Administração pelo Saúde Caixa viável e sustentável para todos”, reforçou a conselheira eleita.

 A live teve ainda representantes da CTB, CSD, Federação dos Bancários de São Paulo e Mato Grosso do Sul e da Fenacef, que endossaram a mobilização e as reivindicações de reajuste zero e melhorias no plano de saúde.

“A Caixa tem empurrado realmente os aumentos e custos para os empregados e se escondendo no teto de 6,5%.  Estamos contribuindo atualmente com 45%, é preciso reequilibrar essa relação, a Caixa não está cumprindo com a sua parte no modelo de custeio”, destacou a representante do CSD, Sabrina Muniz.

O representante da CTB defendeu as premissas que nortearam a construção do Saúde Caixa em 2004. “Nós da CTB temos compromisso em defender o modelo que respeite a solidariedade, o pacto intergeracional e o mutualismo. O plano tem de servir a todos na medida da sua necessidade”, reforçou Emanoel Souza, que também é diretor da Fenae.

A Federação Nacional das Associações dos Aposentados e Pensionistas da Caixa (Fenacef) foi representada no debate por Marilda Bueno. “Os aposentados e pensionistas contribuíram durante anos com o plano na modalidade que a gente vinha tendo até recentemente. Para alguns de nós titulares, nos últimos anos, com essas mudanças, tivemos aumento de até 250% nos custos. Começa a ficar insustentável”, ressaltou.

Tesifon Neto, representante da FeebSPMS, deu o recado: “quem dá lucro para a empresa merece um bom plano de saúde, merece que não seja onerado o seu bolso, para poder trabalhar em paz, saber que a sua família está segurada”.