Neste 20 de novembro celebra-se o Dia Nacional de Zumbi e o Dia da Consciência Negra. A data foi oficialmente decretada como feriado em novembro de 2023, com a sanção da Lei 14.759/2023 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde então, passou a integrar o calendário de todos os estados brasileiros como feriado nacional.

Atenta à causa, a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) reforça que, mais do que um dia de descanso para os trabalhadores, a data é um marco da representatividade e da luta do povo negro no país. Mesmo após 137 anos do fim da escravidão, a maioria dos descendentes das pessoas escravizadas por mais de quatro séculos ainda sofre as consequências da violência e das desigualdades estruturais herdadas desse período.

“A Fenae tem o compromisso de lutar contra o racismo e pela implementação de políticas públicas que promovam a igualdade de direitos e oportunidades para a população negra, especialmente no mercado de trabalho”, reforça Sergio Takemoto, presidente da Fenae.

Para Rachel Weber, diretora de Políticas Sociais da Fenae, os dados sobre o preconceito racial, principalmente no mercado de trabalho, reforçam a necessidade de implementação de políticas públicas que venham mudar a história da população negra no país. “A maioria da população brasileira é composta por pessoas negras. Apesar de ter construído esse país com suor, lágrimas e sangue, parte desse povo ainda vive às margens da sociedade, sem acesso aos direitos básicos, como saúde, segurança e educação”, denuncia 

O Racismo no Brasil 


De acordo com estudo conduzido pelas organizações da sociedade civil Vital Strategies Brasil e Umane, com apoio do Ministério da Igualdade Racial, cerca de 85% da população preta relata ter sofrido discriminação racial em atividades cotidianas. Além disso, o risco de pessoas negras serem vítimas de homicídio é 2,7 vezes maior do que o de pessoas não negras.

O racismo institucional – presente em empresas e órgãos governamentais – também impacta salário, rendimento e permanência de pessoas negras no ambiente profissional. Ele se caracteriza por políticas, práticas e atitudes sistemáticas que produzem desigualdades e discriminam pessoas negras, mesmo na ausência de preconceito individual explícito. Ele se manifesta principalmente em processos internos e comportamentos que desfavorecem a população negra.

Esse tipo de racismo também contribui para que a renda média de pessoas negras seja significativamente inferior à de pessoas brancas. Para combatê-lo, é necessário implementar ações afirmativas e políticas que garantam inclusão e igualdade material de oportunidades.

O racismo se manifesta nos sentimentos, condutas, ações e omissões, incidindo negativamente nas políticas públicas, nas instituições e nas estruturas de poder, operando sempre para manter os privilégios dos grupos dominantes, formados em sua maioria por pessoas de cor branca. 

O Dia da Consciência Negra é uma oportunidade essencial para reconhecer e valorizar a história, a cultura e a luta das pessoas negras, além de reforçar a importância de combater o preconceito e a discriminação racial.

Zumbi dos Palmares


Símbolo da resistência contra o racismo no Brasil, Zumbi dos Palmares foi o último líder do Quilombo de Palmares, o maior do período colonial. Historiadores apontam que, por anos, Zumbi liderou um complexo de quilombos na região da Serra da Barriga, então parte da Capitania de Pernambuco, hoje localizada em Alagoas. Após anos de resistência e luta, Zumbi foi capturado e morto em 20 de novembro de 1695. Sua coragem e liderança transformaram a data de sua morte no marco da celebração do Dia Nacional da Consciência Negra, um tributo à luta pela igualdade e pela liberdade.