A Caixa divulgou, na noite desta quarta-feira (26), o balanço financeiro referente ao terceiro trimestre de 2025 (3T25). A análise dos dados feita pelo Dieese, a pedido da Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa), revela um cenário de resultados financeiros robustos, com crescimento do lucro e expansão da carteira de crédito, mas também aponta alerta para a entidade, especialmente no que se refere ao fechamento de agências e aos impactos dessa estratégia sobre empregados e a população atendida.

No 3T25, a Caixa registrou lucro líquido contábil de R$ 3,764 bilhões, crescimento de 2,2% em relação ao segundo trimestre de 2025 e de 15,4% na comparação com o mesmo período de 2024. No acumulado de janeiro a setembro, o lucro líquido alcançou R$ 13,548 bilhões, enquanto o lucro líquido recorrente somou R$ 12,702 bilhões. A margem financeira avançou 14% frente ao terceiro trimestre de 2024 e 1% em relação ao trimestre anterior, impulsionada principalmente pelo aumento de 36,4% nas receitas de intermediação financeira.

O ativo total da Caixa atingiu R$ 2,2 trilhões, o que representa crescimento de 4,3% em relação ao trimestre imediatamente anterior e de 11,4% na comparação com o terceiro trimestre de 2024. Já a rentabilidade recorrente sobre o patrimônio líquido (ROE) foi de 11,93%, com aumento de 2,60 pontos percentuais no acumulado até setembro, em comparação com o mesmo período do ano passado.

A expansão dos ativos foi impulsionada, sobretudo, pelo desempenho da Carteira de Crédito Ampliada, que cresceu 3,1% no trimestre e 10,3% no acumulado de janeiro a setembro, na comparação com os nove primeiros meses de 2024, totalizando R$ 1,3 trilhão. O crédito imobiliário segue em destaque, alcançando R$ 904,9 bilhões, alta de 11,4% em 12 meses, reforçando a Caixa como maior agente financeiro da habitação no país. Outros segmentos também contribuíram para o crescimento, como o crédito comercial para pessoas físicas (10,9%), para pessoas jurídicas (10,8%), saneamento e infraestrutura (4,1%) e agronegócio (3,7%).

Apesar dos resultados positivos, alguns indicadores revelam sinais de alerta. A taxa de inadimplência acima de 90 dias encerrou setembro em 3,01%, aumento de 0,74 ponto percentual no acumulado dos nove meses frente ao mesmo período de 2024. As despesas de pessoal, incluindo a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), apresentaram redução de 0,67% no acumulado de janeiro a setembro, enquanto as receitas de prestação de serviços recuaram 0,48% no mesmo comparativo. Com isso, a cobertura das despesas de pessoal pelas receitas do banco ficou em 85%.

No terceiro trimestre, a Caixa encerrou setembro com 84.354 empregados, número que representa aumento de 714 postos de trabalho em 12 meses. Nesse mesmo período, foram incorporados 542 mil novos clientes, elevando a base total para 156 milhões. Além disso, o banco passou a operar com 3.208 agências em todo o país, o que representa o fechamento de 49 unidades em relação a setembro de 2024.

De acordo com a análise do Dieese, a melhora do indicador de cobertura das despesas de pessoal não decorre do aumento das receitas, mas da contenção dos gastos com pessoal ao longo do ano. Além disso, embora tenha havido incremento no número de empregados, esse crescimento é considerado insuficiente diante da forte expansão da base de clientes e do aumento da complexidade operacional da Caixa. O fechamento de agências, por sua vez, amplia a sobrecarga nas unidades restantes e no cotidiano dos trabalhadores.

Para a Fenae, esse cenário coloca em risco a função social da Caixa, a qualidade do atendimento à população e a valorização dos empregados que sustentam os resultados financeiros positivos do banco. A entidade alerta que a redução da presença física do banco afeta principalmente as regiões mais vulneráveis e contradiz o papel histórico da Caixa como instituição pública de fomento ao desenvolvimento social. O tema, inclusive, foi destacado em matéria publicada também nesta quarta-feira (26) no site da Fenae, na qual a Federação cobra diálogo transparente da gestão e alerta para os impactos sociais de uma nova onda de fechamento de agências.