A Caixa não apresentou o Relatório Técnico de Avaliação Atuarial do Saúde Caixa durante a última reunião da atual gestão do Conselho de Usuários do plano. O encontro entre os conselheiros e a Gerência Nacional do Saúde Caixa (GESAD-GN Saúde Caixa), realizado de forma on-line na terça-feira (16/12), tratou de temas como informes financeiros, o processo de eleição do novo Conselho de Usuários, a ampliação da telemedicina e o credenciamento de novos parceiros do Saúde Caixa.

Contudo, a gerência apresentou dados resumidos indicando que o Saúde Caixa estaria em déficit de R$ 560 milhões, com uma reserva técnica estimada em R$ 112,42 milhões. Embora o documento mais detalhado tenha sido enviado previamente por e-mail dos conselheiros, não houve apresentação formal nem espaço para o debate. Diante dessa situação, os conselheiros registraram protestos contrários, ressaltando que a ausência de discussão compromete a análise do conteúdo e o papel fiscalizador do Conselho. 

A GESAD-GN justificou que o documento detalhado será apresentado em outro momento, após a assinatura do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) dos empregados da Caixa, uma vez que os dados financeiros ainda não consideram o aporte do banco. Além disso, a Gerência informou que haverá a troca da empresa responsável pela elaboração do relatório, que deixará de ser a Wedan e passará a ser a Athena Atuarial.
No entendimento dos conselheiros esse fato não mudava nada na relação no que seria trazido pelo relatório, não há nenhum tipo de modificação que necessitasse outra reunião para isso. 

Segundo o coordenador do Conselho, Chico Pugliesi, os dados financeiros apresentados pela Caixa continuam se limitando a números gerais, sem o detalhamento necessário para uma análise mais aprofundada: os relatórios apresentados trazem basicamente informações de receita e despesa, incluindo a participação da Caixa, a coparticipação dos usuários e as mensalidades, além das despesas assistenciais, com a comparação entre valores projetados e realizados.

Para Pugliesi, é fundamental a apresentação de dados primários devidamente anonimizados, para que seja possível apontar soluções e políticas de prevenção e promoção a saúde dos usuários. “Não são apresentados, por exemplo, percentuais de gastos com áreas específicas, como oncologia, internações, consultas eletivas, exames e medicamentos, nem dados sobre o perfil dos usuários, como a proporção de empregados e dependentes com doenças crônicas ou em tratamento contínuo, cobra o coordenador.

Segundo Pugliesi, a Caixa tem sinalizado a possibilidade de adoção de cobrança por faixa etária. Os representantes dos trabalhadores alertaram que esse modelo desrespeita os aposentados e fere os princípios do plano.

Segundo ele, nos relatórios anteriores, a Caixa tem colocado como solução para diminuir o déficit do Saúde Caixa seria adotar a cobrança por faixa etária. Inclusive, a Wedan considerou essa possibilidade no relatório enviado aos e-mails dos conselheiros, mas que não foi apresentado. 

Para os Conselheiros Eleitos, a mudança sugerida é inegociável, uma vez que fere o pacto intergeracional e o princípio da solidariedade, pilares fundamentais do plano de autogestão. Eles destacaram que o Saúde Caixa não é um plano comercial, não visa lucro, é um plano voltado ao cuidado com a saúde dos empregados da ativa, aposentados, dependentes e pensionistas. Os conselheiros criticaram qualquer tentativa de desconsiderar a contribuição histórica dos aposentados, lembrando que muitos dedicaram grande parte de suas vidas ao crescimento do banco.

Luta pelo reajuste zero, telemedicina e credenciamentos

Pugliesi reforçou que, graças à mobilização e a luta dos empregados, o déficit do plano foi integralmente assumido pela Caixa, garantindo reajuste zero aos empregados. A conquista, segundo ele, é resultado da atuação conjunta das entidades sindicais, das Apcefs e das demais representações dos empregados do banco.

“No período recente, também houve avanços como a criação dos comitês regionais de credenciamento e descredenciamento, considerados fundamentais para melhorar a qualidade do atendimento e fortalecer a comunicação entre as regiões e as áreas gestoras da Caixa”, destacou.

Segundo ele, o Conselho havia solicitado que a Caixa apresentasse dados que comprovassem a redução de custos com essa modalidade da telemedicina. Em resposta, foram apresentados números que mostram que, em 2025, a telemedicina registrou 54.137 atendimentos, gerando uma economia de R$ 19 milhões. Já em 2023, foram realizados 186 mil atendimentos, com economia estimada em R$ 40,2 milhões.

Consultor médico do Conselheiro, Albucacis de Castro Pereira destacou a importância de ampliar a compreensão dos usuários sobre o serviço, ressaltando que os profissionais de telemedicina indicam atendimento presencial, exames ou encaminhamento a especialistas sempre que necessário.

Também foi debatida a perda de prestadores históricos do plano, incluindo clínicas e profissionais com décadas de vínculo, motivada por conflitos relacionados a pagamentos, glosas ou dificuldades operacionais. Embora a Caixa tenha informado que mantém os pagamentos em dia, conforme cronograma divulgado, reconheceu que há situações pontuais envolvendo problemas de faturamento, emissão de notas fiscais, exigências tributárias municipais ou falhas operacionais, que demandam orientação constante aos prestadores. Segundo balanço apresentado, somente em 2025, foram credenciados 800 estabelecimentos de saúde em todo o país.

Por fim, os representantes defenderam que é fundamental que a Caixa retire de seu estatuto a Limitação de 6,5% da folha no custei do plano. Essa ação conjunta com a contratação de mais empregados é uma solução estrutural para a sustentabilidade do Saúde Caixa. “Contratar mais trabalhadores significa melhores condições de trabalho, melhor atendimento, menos adoecimento e fortalecimento do pacto intergeracional, gerando empregos, renda é uma Caixa muito mais forte para toda a sociedade que mais precisa dessa empresa.”, finalizou Pugliesi.

Eleição do novo Conselho

A Gipes/Repe também apresentou o calendário da eleição do novo Conselho de Usuários. A campanha das chapas candidatas teve início na segunda-feira (15/12) e segue até o dia 16 de janeiro de 2026. A votação ocorrerá entre os dias 13 e 16 de janeiro. Já a posse do novo Conselho está prevista para o mês de março, em data ainda a ser definida.