27.07.2006, 11h25 - Vencedor do 8º Música Fenae de RS lança coletânea
Fenae Agora 47 - ano 9 - maio/junho de 2006
Michelle Rusche, Jornalista da Fenae
20 anos de música e poesia
8º Música Fenae reuniu cerca de 1.300 pessoas em Salvador (BA), no dia 29 de abril de 2006, na final do festival de músicos da Caixa
Instrumentos afinados, amplificadores ligados, cordas vocais aquecidas, músicos reunidos e grito de guerra. Assim foi a largada da final do 8º Música Fenae, festival que existe há 20 anos e que levou muito ritmo, poesia e emoção à sede de campo da Apcef/BA, em Salvador. Os músicos finalistas apresentaram no dia 29 de abril à platéia lotada sons que vão do MPB ao Rock’n roll, passando por forró, axé e blues. Além deles, o público dançou e cantou os sucessos de Flávio Venturini, que deu um show à parte.
O compositor Cesinha e o intérprete Tião Sodré, de “Amor (a coisa)”, representantes do estado de Goiás, agradaram e levaram a maior premiação da festa. Emocionados, eles receberam o troféu em ferro reciclado de primeiríssimo lugar e também o de melhor letra.
“Sempre que a gente faz esse trabalho faz com muito profissionalismo, voltado para um objetivo. Caso contrário, não se chega a lugar nenhum”, afirmou Sodré. Ele participa do festival pela quinta vez e foi ganhador do prêmio de melhor intérprete no festival de Manaus, em 1987.
Outro premiado da noite foi o músico João Nascimento Souza, representante do Pernambuco, que trouxe a canção “Dumê”. O nome é uma referência ao personagem autobiografado. Ele ficou com o segundo lugar. “Ganhar este prêmio é um grande sinal de reconhecimento e estímulo para que a gente continue procurando ter um nível de qualidade cada vez maior”, afirmou.
O melhor arranjo foi para o representante do Maranhão, Benê Maia, que cantou “Cassino”, música com forte influência do blues, do rock e, por que não dizer, do fabuloso Cazuza.
Angelino Rogério, representante do Rio Grande do Sul, recebeu o prêmio de melhor intérprete pela canção “Sinal de Alerta”.
Ranking dos finalistas
1º lugar - “Amor (a coisa)” - GO - 200 mil pontos no PAR
2º lugar - “Dumê” - PE - 100 mil pontos no PAR
Melhor letra - “Amor (a coisa)”- GO - 50 mil pontos no PAR
Melhor arranjo - “Cassino” - MA - 50 mil pontos no PAR
Melhor interpretação - “Sinal de Alerta” - RS - 50 mil pontos no PAR
Venturini fez um show à parte
Na estrada da música desde a década de 70, Flávio Venturini fez um show à parte na noite de sábado do 8º Música Fenae. “Eu fico muito feliz de participar de um festival como esse, importante para revelar novos talentos. Lembro dos tempos em que participava de eventos assim, como o Festival Internacional da Canção e outros”, disse Venturini.
Sucessos de carreira, como “Noites com Sol”, “Todo Azul do Mar”, “Linda Juventude” e “Mais uma Vez”, além de músicas recentes, como “Minha Estrela” e “O Melhor do Amor”, estiveram presentes no repertório que levantou a platéia presente.
Venturini fez parte do grupo “14 Bis” e do “Clube da Esquina”, turma de cantores e compositores mineiros que se destacou nos anos 70 e agregou nomes como Milton Nascimento, Fernando Brant, Beto Guedes, Tavinho Moura, Toninho Horta, Lô Borges e o próprio Flávio.
Eliminatórias
O cronograma dos músicos empregados da Caixa foi intenso nos dias 27 e 28 de abril, fase de eliminatórias do festival. De manhã havia gravação em estúdio, à tarde passagem de som, e, finalmente, à noite a apresentação valendo vaga para a grande final. Os 18 estados que participaram do 8º Música Fenae se revezaram em duas noites de shows e 12 foram classificados para participarem da final.
Como o objetivo do festival é promover a integração entre os músicos e compositores que se destacam entre os empregados da Caixa e a sociedade e também o de propiciar o crescimento e a divulgação de valores artísticos e a descoberta de novos talentos, cabe a velha premissa do que vale é participar.
Seis estados ficaram de fora da grande final, de acordo com os critérios dos jurados em dar notas de 5 a 10 aos quesitos melhor música, letra, arranjo e interpretação, também utilizados como fator de desempate. Foram eles: Minas Gerais (“Maromba”, de Fernando Tanure), Distrito Federal (“Legado”, de Alexandre Roriz), Acre (“Moendo Cana”, de Miguel Pacífico Neto), Espírito Santo (“A Canção e a Razão”, de Geraldo Bolonha), Tocantins (“Duas Estrelas”, de Geanine Romanovski) e Alagoas (“Assim a sós”, de Neilton Santos Ferreira).
Festivais Estaduais realizados
10/03/2006 - Alagoas
11/03/2006 - Maranhão, Paraíba
12/03/2006 - Piauí
16/03/2006 - Bahia e Rio Grande do Sul
17/03/2006 - Amazonas, Ceará, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro,
18/03/2006 - Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraná, São Paulo e Tocantins
Inovações e Sugestões
Do último festival, realizado em 2004 em Natal (RN), participaram 15 Apcefs. Deste último já foram 18. “O Música Fenae tem uma participação maior dos estados este ano e isto, por si só, já representa um avanço muito grande na realização deste evento”, ressalta a presidente do Conselho Deliberativo da Fenae e da Apcef/SP, Fabiana Matheus.
A composição da banda que acompanhou os músicos, também ensaiou e gravou os arranjos de cada uma das canções para, nos dias das eliminatórias, apenas receber a voz dos cantores, agilizando o processo de gravação do CD que trará as 12 canções finalistas.
“O festival foi extremamente positivo. A qualidade das músicas apresentada, a harmonia no relacionamento entre os participantes, e o fato de gravar o CD em dois dias, na medida em que os instrumentos já estavam gravados e os músicos só entraram com a voz. No final, a grande festa de encerramento alcançou o objetivo de promover uma ampla integração entre os empregados”, afirmou o diretor cultural da Fenae, Emanoel Souza de Jesus.
A necessidade de se realizar o evento com certa periodicidade, como vem sendo feito, o último foi há dois anos, estimula as associações a participarem mais organizadamente do evento, promovendo festivais regionais e a melhor preparação dos músicos. Com isso, o nível do festival como um todo só tem a crescer.
Linha do Tempo
1986 - Primeira edição do Festival de Música da Fenae em Vitória (ES). O estado vencedor foi o da Paraíba.
1987 - A sede da segunda edição foi Manaus (AM), ficando o primeiro lugar com o Rio de Janeiro.
1989 - Porto Alegre (RS) sediou a terceira edição em 1989, consagrando Alagoas como o grande vencedor.
1991 - O evento ocorreu em Campo do Jordão (SP) e levou ao alto do pódio a Paraíba.
1993 - A quinta edição teve sede em São Luís (MA) e como vencedor o Paraná.
1998 - Após cinco anos, retomada foi em João Pessoa (PB), de novo com o Paraná arrebatando o primeiro lugar.
2004 - A sétima edição aconteceu em Natal (RN) e teve o Espírito Santo como vencedor.
2006-Salvador (BA) sediou a oitava edição do Música Fenae, com o estado de Goiás vencedor.
Músicos do CantaCUT no cenário nacional
A exemplo do Música Fenae, aconteceu nos dias 29 e 30 de abril o 1º Festival da Nova Canção Brasileira, o CantaCUT, promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT). A idéia de realizar o evento nasceu da necessidade das centrais sindicais em promover um festival de abrangência nacional.
O objetivo também foi dar espaço para músicos ainda pouco conhecidos revelarem talentos, tendo em vista um mercado restrito manipulado pelos grandes veículos de comunicação e pelo mercado fonográfico, por sua vez, atrelado a interesses comerciais. Qualquer pessoa podia participar do festival, desde que a música não constasse em catálogos de gravadoras e de editoras e que a letra estivesse em português.
“O festival foi bastante positivo do ponto de vista político e musical, pois possibilitou a inserção de músicos - que estavam na estrada já há algum tempo e não tinham como revelar o seu trabalho - na sociedade. Além disso, a composição de uma banda para acompanhá-los e a existência de um diretor musical proporcionaram ao festival bastante profis-sionalismo”, afirmou o coordenador do evento e secretário nacional de Comunicação da CUT, Antônio Carlos Spis.
No primeiro dia de festival, 900 pessoas prestigiaram o show do cantor Chico César e, no segundo, 700 assistiram a apresentação de Jair Rodrigues. Além deles, apresentaram-se nos dois dias de festival 12 músicas escolhidas entre 974 músicas inscritas em seis regiões do pais, por meio de seletivas avaliadas por jurados. “O corpo de jurados era composto por maestros e músicos aptos a dar vazão a diversidade cultural de cada região do Brasil”, afirmou Spis.
0bOs shows aconteceram no teatro do SESC Pinheiros, em São Paulo (SP). O CantaCUT entregou R$ 26 mil em prêmios aos vencedores, além de 100 cópias do DVD com a gravação do festival.
O grande vencedor foi Paulo Tovar, de Brasília, que cantou “Marco Zero”. Ele ganhou o prêmio de melhor música e letra. Emocionado, agradeceu à CUT pela oportunidade de mostrar seu trabalho e dedicou sua vitória a seus filhos. “Eu os banhei, e eles banharam minha alma”. Paulo Tovar disse ainda que o músico é um trabalhador da cultura. “Com essa iniciativa a CUT está ajudando a música brasileira a se organizar”, finalizou.