O Senado abriu as portas para debater sobre as empresas públicas. A audiência pública, requerida pelo senador Paulo Paim (PT/RS), discutiu o futuro das estatais brasileiras que estão sendo fortemente atacadas pela agenda de privatização do governo federal. No encontro, promovido pela Comissão de Direitos Humanos, nesta segunda-feira (13), aconteceu o lançamento o livro “O Futuro é Público”, de coautoria da conselheira de Administração da Caixa (CA/Caixa), Rita Serrano, publicado com o apoio do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas e da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae). Na ocasião foi lançada também a campanha “Se é público é para todos”. 

Segundo Takemoto, o livro quebra alguns dogmas que são passados para a população, como reflete a expressão: o que é público é ruim e o bom é privado. “A questão da estatização das empresas públicas é fundamental para a gente ter uma economia dinâmica. E no Brasil a gente vê que essa falácia da questão da privatização é usada desde 2016”.  

O presidente da Fenae falou ainda sobre o 38º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa Econômica Federal (Conecef) e a Conferência Nacional. “A grande tônica foi a questão da unidade e da democracia. E democracia para nós é o retorno de um governo democrático e popular.  Só assim esse país vai voltar a trilhar o caminho da solidariedade, democracia, liberdade e igualdade de oportunidade para todos”, afirmou. 

Em sua apresentação, Rita Serrano destacou que o governo federal está promovendo um processo de destruição das empresas públicas. Ao citar o livro “O Futuro é público” e o estudo do Transnational Institute (TNI), Serrano reforçou que o Brasil está indo contra ao fluxo que está acontecendo ao resto do mundo, citando os países Estados Unidos e Grã-Bretanha -, onde está acontecendo a reestatização de diversas empresas. 

“Um futuro que não seja para todos é um futuro onde metade da população mundial vai morrer de fome, de sede, desempregada, vai morrer na miséria. O Brasil tem 30 milhões de pessoas passando fome, é inadmissível, enquanto os poderosos enriquecem mais. É essa desigualdade gritante que temos que combater. Então o futuro público é a única possibilidade de futuro para a humanidade e esse é objetivo do debate que estamos fazendo aqui”, afirmou Rita. 

Para o senador Paulo Paim esse é o momento de afirmar que a gestão pública democrática e transparente é o caminho mais eficaz para induzir o crescimento econômico sustentável, reduzir as desigualdades e promover a inclusão para prestar serviços públicos com eficiência, qualidade e responsabilidade. “É hora de defender as empresas públicas da ação predatória e da visão de curto prazo dos agentes do mercado. É hora de reafirmar que a gestão pública tem compromisso com a coletividade e olhar para o futuro, não apenas para o presente.” 

A deputada Érika Kokay também participou da audiência e afirmou que tudo o que é público está sendo ameaçado pelo governo. “É como se houvesse uma captura do Estado, para que ele não sirva à população, para que o Estado passe a servir aos governantes e a iniciativa privada.  

O governo não tem um projeto de desenvolvimento nacional, não há de desenvolver as cadeias produtivas, gerar emprego e não tem interesse nos instrumentos estratégicos”. Érika destacou ainda que o governo conseguiu a aprovação do fim do monopólio do penhor da Caixa e que agora os senadores terão que apreciar essa matéria que tira o papel social do banco público. Para a parlamentar, o governo deve acelerar as pautas de privatização até as eleições.  

“O que esse governo está fazendo com o patrimônio público é criminoso. Como foi mostrado aqui, ele desinveste e faz isso em todas as áreas”, afirmou a senadora Zenaide Maia (PROS-RN) 

Para o coordenador da CEE, Clotário Cardoso, o debate foi muito importante porque a Caixa vem sofrendo ataques muito poderosos. “O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, é um agente desse processo de privatização e fatiamento da Caixa. Então a Comissão Executiva dos Empregados da Caixa se coloca nessa luta e nós vamos denunciar o desmonte da Caixa, do Saúde Caixa, na mesa de negociação e vamos exigir respostas”. 

 Confira as falas dos representantes de empresas públicas que participaram da audiência 

“Nós estamos falando de diversas privatizações que ocorrem no Brasil que são encampadas pelo Bolsonaro [...] privatizando uma série de empresas públicas estatais que são fundamentais para o desenvolvimento econômico, social e regional do nosso país. Nós teremos um trabalho hercúleo no próximo governo”, presidente da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar. 

“Esse livro é um marco teórico. Aqui se tem provas teóricas de que isso é uma tendencia hoje.  O que estamos vendo hoje são diversas formas de ataques. Queremos uma Embrapa pública, democrática e inclusiva na sua essência. Tenho certeza de que vamos retomar isso a partir das eleições desse ano”, presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (SINPAF), Marcus Vinicius Sidoruk Vidal. 

“A privatização ainda não é um tema que esteja na cabeça dos brasileiros. [...] A última pesquisa feita pelo BTG Pactual e FSB Pesquisas mostrou que 35% as pessoas entendem que se o candidato se posicionar a favor da privatização perde o voto. No entanto, temos 32% da população que acha que privatização é uma boa ideia. [...] Precisamos conscientizar essa parcela da população que ainda não se deu conta da importância que é o patrimônio público, e frear esse processo de privatização e buscar a retomada do controle público”, assessor Jurídico do Comitê e Doutor em Ciências Sociais, Luiz Alberto dos Santos. 

 “Só temos a lamentar que a população vai pagar essa conta. Quase 56% da população se manifesta contra a privatização da Eletrobras. A privatização vem na contramão do mundo em um momento em que se anuncia uma crise energética e se anuncia a importância das empresas estatais para combater essa crise e os efeitos climáticos extremos que já estamos vivenciando”, Coordenadora Do Coletivo Nacional Dos Eletricitários (CNE), Fabiola Antezana. 

 “O sistema rodoviário é capitalista, a única coisa que ele quer é o lucro. O que a gente pede é esse olhar para as empresas que são dependentes, que precisam de fato ser apoiadas e ajudadas. A gente serve lá na ponta, onde o trabalhador quer trabalhar e não tem dinheiro para pagar a passagem”, presidente da FENAMETRO, Alda Santos. 
“As empresas públicas ajudam o povo. O futuro é público e temos que estar unidos para desfazer as maldades e proteger as empresas públicas e também proteger o povo brasileiro”, representante do Sindicato dos Bancários de Brasília, Ronaldo Rocha. 

“Esse momento é duro e de luta, mas tenho certeza de que temos grandes lutadores. A divulgação desse livro é extremamente importante porque tem o povo brasileiro que é enganado pela mídia. Precisamos das empresas públicas para fazer o resgate da soberania e igualdade social”, diretor Sindicato dos bancários de Goiás, Willian Lousada.