As declarações contraditórias dadas pelo presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, sobre a privatização da estatal, parecem ter o objetivo de confundir a quem o escuta. Vamos aos fatos. No dia 09 de maio, em um evento para gestores da Caixa, ao discorrer sobre os próximos passos de sua gestão, Guimarães disse:
“A primeira operação de mercado de capitais da história da Caixa Econômica Federal e desse governo fomos nós que fizemos […] Então, toda vez que alguém for na sala do presidente da República vai estar o nome da Caixa Econômica Federal numa operação que nós fizemos”.
Já a matéria publicada no portal Caixa Notícias alguns dias depois, em 13 de maio, tinha os seguintes dizeres: “O presidente Pedro Guimarães voltou a afirmar nesse final de semana que a Caixa não será privatizada”.
Em qual Pedro Guimarães acreditar? Em um dia, ele diz que vai abrir o capital. No outro, que não vai haver privatização.
Ora, o que significa privatizar, se não entregar o controle de algo público para o mercado privado? Abrir o capital é uma forma de privatizar, sim!
E quando toda parte lucrativa da Caixa virar produto de acionista, quem determinará os rumos do banco será o mercado que, por princípio, visa apenas o lucro.
Uma vez que a Caixa perde os recursos advindos da seguridade, cartões, loterias e FGTS – áreas que já estão no cronograma da privatização –, perde sua parte mais lucrativa e, com isso, a capacidade de manter sua vocação social, tão importante em um país desigual como o nosso.
E, falando em lucro, se a Caixa lucrou mais de 10 bilhões de reais no último período se mantendo 100% pública, por que precisamos ofertá-la no mercado? Quem teria interesse nisso, senão o próprio mercado?
Apenas de tarifa para gestão do FGTS são 5 bilhões por ano! Na Caixa, o montante do FGTS é usado para habitação popular, saneamento e luz onde não tem. Nas mãos de um banco privado esses recursos serão usados para quê?
A ex-presidenta da República, Dilma Rousseff, mencionou, em 2015, que poderia abrir o capital da Caixa para resolver questões financeiras do governo e foi massivamente sufocada pelos defensores da Caixa. Em poucos dias, voltou atrás e disse que a ideia estava fora de questão!
Qual motivo leva colegas que sempre defenderam a Caixa a aplaudirem um cara há apenas quatro meses na presidência e que alardeia, com entusiasmo, a notícia da entrega ao mercado de capitais da parte lucrativa dessa centenária empresa pública?
A Caixa não precisa do mercado de capitais! E nós precisamos nos unir para defendê-la!
Não importa qual linha de governo esteja no gabinete da Presidência, a Caixa é do povo brasileiro e deverá continuar assim por mais 160 anos.
Rachel de Araújo Weber é Diretora de Juventude da Fenae, do SindBancários e empregada da Caixa.