SÉ
Linha
amarela delimita o espaço
entre
o abismo e a multidão,
percorro
o meio fio, deslizo
catracas
matracas à procura
d`um
amanhecer morno, cinzento
...
desta primeira quaresma,
espero
a lembrança
no
canto do quarto do espelho...
moleques
de rua
à
beira da praça
bola,
pique, prosa,
pedidos
de colo
com
o saco de cola nas mãos
...
seus olhos vermelhos
deturpam
meu sonho:
insônia...
moleques
descalços
à
beira da praça
fruto
e adubo
das
nossas desgraças
a
linha amarela delimita
o
espaço entre o abismo e a multidão
(mantenha
distância)
notícias
amanhecidas na página
qu`encobria
o corpo inerte na catedral,
um
anjo, talvez,
mundo
cético absorto em sua
morna
solidão.
Elisa
de Sá Lago